quinta-feira, 16 de março de 2017

Entenda as causas e saiba como tratar a Azia

Segundo um especialista, ela é comum em pessoas com excesso de peso e também na gravidez.


Uma pesquisa recente divulgada pelo Ministério da Saúde revelou que o índice de brasileiros acima de peso é de 52,5%, ou seja, mais da metade da população brasileira e destes, 17,9% são obesos. Esse aumento do número de pessoas com sobrepeso no país nos últimos anos gera também o crescimento da quantidade de pacientes afetados com a Doença do Refluxo Esofágico, conhecida popularmente como Azia, já que ela ocorre quando há o abuso do consumo de alguns tipos de bebidas ou alimentos. Um estudo recente comprovou que a probabilidade de uma pessoa contrair Azia é maior em 50% nos pacientes que têm excesso de peso.

O médico Bruno Sander, especialista em Endoscopia Digestiva, explica que essa relação existe porque ao comer em demasia gera-se um aumento da pressão no estômago ocasionando o aparecimento de Azias. “O excesso de gordura corporal, em particular na zona do abdômen aumenta a pressão nessa região, o que por sua vez vai causar um aumento na pressão no estômago. Essa pressão no estômago empurra o músculo do esfíncter entre o estômago e o esôfago e força-o a abrir-se”.

De acordo com o médico, a azia pode aparecer em pessoas de qualquer idade, como uma queixa isolada ou eventual. “A causa básica dela é o refluxo de material ácido proveniente do estômago, ou seja, quando o conteúdo gástrico sai do estômago para o esôfago e garganta. Ela também ocorre em algumas situações quando a acidez é muito grande ou a proteção gástrica é ineficiente. Porém, quando ela é constante pode ser sintoma de algumas doenças do aparelho digestivo”, alertou.

É comum também o surgimento dela no início ou durante a gravidez. O especialista esclarece que isso ocorre porque a placenta produz o hormônio progesterona, que relaxa a válvula que separa o esôfago do estômago, fazendo com que os ácidos gástricos que participam da digestão acabam subindo pelo esôfago, causando a sensação desconfortável de azia. “A progesterona também diminui o ritmo das contrações naturais do estômago, deixando a digestão em geral mais lenta. Além disso, o aumento do útero comprime o estômago de baixo para cima, favorecendo o refluxo”, acrescentou Bruno.

Tratamento e prevenção

O médico garante que a principal forma de tratamento do problema é mudança dos hábitos de vida, principalmente os alimentares. “O tratamento do problema pode até incluir o uso de medicamentos, mas só isso não funciona. O método mais eficiente contra a queimação no estômago é a mudança de hábitos tanto em relação à sua dieta quanto à forma como os alimentos são consumidos. Mastigando bem os alimentos, por exemplo, você facilita o trabalho do estômago, que pode produzir menos ácido”.

Veja outras dicas do especialista para prevenir esse problema:
  • Pessoas que sofrem de azia não devem se deitar após as refeições. É importante esperar ao menos um período de duas horas e não é aconselhado exagerar nas refeições;
  • Controlar o consumo de alguns alimentos ajuda a evitar crises de azia, como frituras e alimentos muito gordurosos, por exemplo, devem ficar longe do prato de quem sofre com azia;
  • Evite o consumo em excesso de refrigerante e alimentos gordurosos, apimentados, condimentos, embutidos e alguns tipos de verduras, como couve, couve flor, brócolis, repolho, nabo, rabanete e pepino também podem causar mais desconforto, porque tem pH mais ácido.
  • Manter o peso ideal. Nos pacientes que estão acima do peso, o sintoma de queimação é mais frequente, pois a gordura diminui o espaço gástrico e com isso o suco gástrico sofre elevações e causa o refluxo dos alimentos, acompanhado da azia;
Mas, se ainda assim com todos esses cuidados os sintomas persistirem ele indica buscar um especialista. “No momento que esta fazendo tudo o que é possível e não esta surtindo efeito, o médico vai solicitar exames e investigar os sintomas da azia, como uma endoscopia digestiva e testes hematológicos. A técnica de monitoramento do pH do esôfago também pode ser indicado para realização e pode ser definitivo para identificar o problema”, orientou Sander.


Fonte: Bruno Sander Queiroz, médico cirurgião e especialista em endoscopia digestiva, gastroenterologia e tratamentos para a obesidade. É diretor clínico do Hospital Dia Sander Medical Center, em Belo Horizonte (www.sandermedicalcenter.com.br).

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