quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Outubro Rosa: A importância do cuidado emocional

Especialista fala sobre como mulheres acometidas pelo Câncer de mama podem equilibrar sua condição emocional ao tratamento.


No mês conhecido como Outubro Rosa, todo mundo veste a camisa da prevenção ao câncer de mama, doença que segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 57.960 novos casos apareçam este ano, com risco estimado de 56,20 casos a cada 100 mil mulheres entre 40 e 60 anos de idade. 

A psicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia alerta não só para a prevenção e para o autoexame, fundamental para um diagnóstico precoce, mas também para o impacto emocional causado pela doença. “O diagnóstico de câncer tem, geralmente, um efeito devastador na vida da pessoa que o recebe, seja pelo temor às mutilações e desfigurações que os tratamentos podem provocar ou pelo medo da morte, pelas muitas perdas nas esferas emocional, social e material, que quase sempre ocorrem”. 

Ela afirma ser comum que mulheres sofram desconforto psicológico, como ansiedade, depressão e raiva. Além de mudanças no padrão de vida, relacionadas ao casamento, vida sexual e atividades no trabalho, e, ainda, medos e preocupações devido à mastectomia, recorrência da doença e morte. “Por isso, uma das maneiras de influenciar uma mulher a aceitar o diagnóstico e se adaptar à nova realidade sem muitos impactos é informá-la sobre os tratamentos oferecidos e sobre as evoluções clínicas possíveis”, garantiu Sônia. 

Sexualidade feminina durante a doença

A especialista ressalta que a mastectomia pode afetar a identidade feminina porque as mamas desempenham um papel fisiológico muito importante em todas as fases do desenvolvimento feminino e isso acaba refletindo também em seu parceiro. “As mamas são símbolo de identificação da mulher e sua feminilidade expressas pelo erotismo e sensualidade. É muito difícil para o parceiro encarar essa situação também. Muitos nem sabem como agir, uma vez que os seios de sua mulher, anteriormente pensados e tratados como ponto de erotismo e prazer, se transformam em foco de tratamento ou de possibilidade de mutilação. Tudo isso pode produzir muita confusão de sentimentos para ambos, por isso a parceria e a cumplicidade entre o casal são diferenciais nessa etapa”.
   
Uma dica da psicóloga para as mulheres conseguirem transformar esse momento em crescimento para a vida sexual do casal é valorizar a dimensão afetiva da sexualidade em suas formas de sedução, troca de carícias, cumplicidade, toque etc. “Já outras mulheres sentem-se  péssimas por não conseguirem se relacionar com o próprio corpo e com o parceiro. Algumas relatam que antes da doença eram mais alegres  e que depois se transformaram em pessoas tristes reservadas e isoladas do meio social. Estas mulheres no relacionamento amoroso associa a sexualidade ao aspecto genital, e durante as relações sexuais sentem-se inibidas, e tentam ocultar a mama mutilada mesmo quando colocam prótese”, relatou Sônia. 

Segundo a sexóloga esse é um momento muito difícil para o parceiro também e que normalmente ele não sabe como agir. “Ele pode ajudar acompanhando a sua mulher às consultas e tratamentos, respeitando a privacidade do corpo dela e se aproximar dos seios dela só quando solicitado. Tentar não fazer de conta que nada está acontecendo e encarar as conversas sobre o assunto. Ficar mais romântico, privilegiar os comportamentos mais sensuais que não levam em conta os seios, por exemplo,” disse. 

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