quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Entenda as diferenças entre Bulimia e Anorexia

Não é de hoje que ouvimos falar sobre a gravidade de distúrbios como Anorexia e Bulimia. Pesquisas registram uma taxa de mortalidade muito alta, em torno de 20%. Mas qual é a diferença entre esses transtornos?


Enquanto a epidemia da obesidade assola o mundo com projeções de que até 2025, 75 milhões de crianças estejam acima do peso ou obesas, milhares de pessoas sofrem com outro extremo: magreza excessiva. Não é de hoje que ouvimos falar sobre a gravidade de distúrbios como Anorexia e Bulimia. Pesquisas registram uma taxa de mortalidade muito alta, em torno de 20%, superando o número de mortes por câncer de mama, por causa da Anorexia. Acredita-se que cerca de 100 mil adolescentes, sendo 90% meninas, sejam afetadas por esses distúrbios no Brasil.

Os transtornos

A nutricionista Patrícia Ansaloni, que atua na Clínica Arquitetura do Pensar, em Belo Horizonte, explica queas principais diferenças entre os dois são os sintomas. “A Bulimia é uma disfunção alimentar em que a pessoa tende a apresentar períodos de alimentação em excesso (compulsão alimentar), seguidos pelo sentimento de culpa e atitudes de purgação.Para "compensar" o ganho de peso, o bulímico exercita-se de forma desmedida, vomita o que come e faz uso excessivo de purgantes e diuréticos. Ele geralmente se encontra com peso normal, não chegando à magreza da anorexia”.

Já aanorexia nervosa é um distúrbio caracterizado por um regime alimentar onde o paciente recusa a se alimentar regularmente, seguindo uma dieta rígida. “O anoréxico tem uma imagem corporal distorcida, se acha acima do peso ou tem um medo incontrolável de engordar, por isso faz severas restrições alimentares na tentativa de diminuir ou controlar o peso. Uma pessoa com anorexia nervosa geralmente possui um baixo peso corporal e grande estresse físico. Ele pode ser também bulímico”, esclareceu Ansaloni.  

Ainda de acordo com a especialista, pessoas que sofrem com esses distúrbios correm riscos relacionados à deficiência de nutrientes, como diminuição da pressão e da temperatura corporal, levando o indivíduo a ser menos tolerante ao frio; desmaios e fraqueza; enfraquecimento dos dentes (cárie); dores no estômago; constipação; queda de cabelo; pele ressecada e rachada; e a mais grave deles, morte por ataque cardíaco, pela deficiência de sódio e potássio, que controlam o ritmo das batidas do coração. 

O diagnóstico

Estudos apontam que a anorexia é mais recorrente em garotas de 12 a 18 anos, enquanto a bulimia é mais comum entre os 16 e 25 anos. A nutricionista explica que esses transtornos são mais comuns entre adolescentes, já que é nesse período onde, naturalmente, as pessoas tendem a estarem mais insatisfeitas com o próprio corpo, principalmente, as mulheres. “É possível identificar se uma pessoa está com algum desses transtornos observando pontos específicoscomo pele seca e amarelada, corpo muito magro (ou caquético), sensação constante de frio, cabelos quebradiços e sem brilho, lanugem (crescimento de pêlos em outras regiões do corpo), disfunções gastrointestinais (como intestino preso e dificuldades na digestão) e complicações cardiovasculares (relacionadas como as principais causas de morte). Os bulímicos apresentam sintomas depressivos e alterações de humor, ansiedade, alterações de personalidade, ou até dependência química”.

Patrícia acrescenta que outros sinais são bastante marcantes como dores abdominais, feridas na garganta, complicações gastrintestinais e problemas cardiovasculares. Além disso, as evidências de episódios de vômitos também ficam marcadas no dorso da mão usada para estimular o reflexo na garganta (sinal de Russel), glândulas salivares inchadas, erosão dos dentes e cáries. “É importante ressaltar que o uso abusivo de medicamentos e os vômitos causam desidratação”, disse.

O tratamento

Esses distúrbios não são fáceis de superar, mas existe tratamento. A nutricionista afirma que quanto antes diagnosticado, mais eficaz pode ser a recuperação da autoestima e do peso excessivo perdido.Os principais pontos são o tratamento médico, a terapia psicológica e a orientação nutricional. Podem acontecer recaídas, por isso é importante que seja um acompanhamento por longo período.Como estes são transtornos que envolvem tanto componentes psicológicos, fisiológicos quanto sociais, o tratamento precisa de uma abordagem multiprofissional.

Patrícia conclui ressaltando a importância da prevenção e lista algumas regras de estilo de vida podem fazer reduzir o risco de uma pessoa desenvolver a doença:

Pacientes:
- Ter uma educação e sensibilização para a doença e os riscos associados;
- Ter um conhecimento e hábitos alimentares saudáveis;
- Cultivar uma imagem positiva do corpo;
- Reduzir os fatores de stress, conciliar o descanso com a escola ou o trabalho.

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