A sociedade e a cultura são cercadas de mitos sobre relacionamentos amorosos, além disso, rumores sem fundamento constroem uma crença inválida sobre alguns temas sexuais. Conceitos são passados de pais para filhos e de amigos para amigos. Mas, afinal o que é mito e o que é verdade?
Todo mundo cresce ouvindo coisas do tipo: “homens gostam mais de sexo do que as mulheres”, ou “será que o Ponto G existe?”, “será que masturbação aumenta o pênis?”. A verdade é que alguns mitos acabam nos impedindo de desfrutar da sexualidade de forma plena. A sexóloga Sônia Eustáquia Fonseca afirma que os mitos sexuais refletem a escassa informação que a sociedade tem sobre a sexualidade. E para acabar com algumas dúvidas sobre o assunto, ela listou as principais delas e respondeu: mito ou verdade?
1 - É verdade que os opostos se atraem?
É verdade que no início da relação, o que mais encanta são as semelhanças e o que se tem em comum, depois do casamento, isso costuma inverter e são justamente as semelhanças que vão produzindo as discussões e brigas. É bom que homem e mulher se encontrem pelas diferenças, para que haja complementaridade, para que um ajude o outro a crescer.
2 - O ideal de um relacionamento duradouro é encontrar a outra "metade da laranja"?
A outra metade da laranja com certeza não estará em outro muito parecido. Estará em alguém que completa, que faz crescer, que consegue fazer o parceiro ou parceira ser uma pessoa melhor. Eu acredito na outra metade da laranja até mesmo em parcerias mais patológicas é bem comum encontrar casais que se completam em suas neuroses. Entretanto, não é possível passar do estágio da paixão para o amor, se não existir semelhanças e diferenças transformadas em complementaridade.
3 - É verdade que com o tempo o sexo no relacionamento piora?
Eu trabalho com casais há 30 anos e já vi de tudo. O que mais me impressiona é que numa boa relação amorosa o sexo tende sempre a melhorar e não piorar. O casal vai adquirindo mais intimidade e isso só faz melhorar. Existem pessoas que pioram primeiro na relação amorosa, então a relação sexual piora por isso. Estou falando da qualidade das relações sexuais, porque quanto a quantidade é normal que diminua com o tempo.
4 - Se o meu parceiro não me procura sexualmente ou tem uma falha erétil é porque não me ama mais?
De forma alguma. É muito raro ter esta conexão com o amor. Tem que lembrar que a falha erétil, ou melhor, a disfunção erétil é do homem e pode ser um sintoma ligado ao seu emocional ou orgânico. Isso costuma trazer mesmo essa confusão para a mulher. Ela pode achar que não está bem fisicamente, que não está mais motivada a trazer para a relação alguma novidade, dentre outras culpas. Quando isso acontece o homem ou o casal deve buscar um especialista. Hoje temos ótimos profissionais especialistas em sexologia. Ele vai ter condição de diagnosticar e propor um tratamento adequado, tanto na linha emocional quanto na orgânica.
5 - Ciúmes é sinônimo de amor?
Não é. É insegurança, baixa auto-estima, problemas pessoais diversos. Principalmente quando a desconfiança é sem razão lógica. A insegurança quando motivada por possibilidade de traição ou deslealdade também pode ser chamada de ciúmes. E costuma doer muito. E pode até acabar com uma relação duradoura.
6 - É verdade que o bom relacionamento é aquele que não tem brigas?
É sim. Não precisa brigar para colocar posições diferentes e tomar decisões. A briga entre aspas, só é boa para o relacionamento se for uma discussão para esclarecer pontos de vista, defender uma posição favorável aos dois, aos filhos ou a família, assim ela será sempre benéfica. O tom de voz deve ser baixo, cortez e educado. Principalmente se o casal tiver filhos. Casais que têm brigas feias precisam de ajuda profissional.
7 - O homem tem que estar sempre pronto para o sexo?
Essa cobrança existe e há uma expectativa social que impõe ao homem uma postura de prontidão ao sexo. Espera-se que ele sempre esteja a fim (no sentido de obrigação mesmo). A verdade é que isso é um mito. O homem nem sempre está disponível para o sexo por vários motivos e também varia muito de homem para homem. Os motivos ou variáveis podem influenciar nesse “apetite” como, por exemplo, a ansiedade, preocupações e a depressão são as piores inimigas. A idade também pode influenciar nessa prontidão. Normalmente o jovem tem maior disposição ao sexo.
8 - A pílula anticoncepcional diminui o desejo sexual?
Não é usual, mas em alguns casos, o anticoncepcional diminui sim o desejo sexual. Depende da composição da pílula, algumas podem conter doses hormonais altas que inibem o desejo sexual. As pílulas contemporâneas, no entanto, têm doses muito pequenas de hormônio e interferem pouco no desejo ou libido. Outros fatores emocionais podem diminuir o desejo e a mulher não prestar atenção neles e inconscientemente “culpar” a pílula; legitimando assim, ser a pílula a causadora da diminuição do desejo. Por isso, é melhor observar bastante todos os fatores que podem aumentar o desejo e não se entregar à possíveis causas de sua diminuição, principalmente quando se necessita usar a pílula.
9 - O tamanho do pênis influi no prazer que a mulher sente na relação sexual?
Depende. Um pênis pequeno pode gerar menos satisfação e um muito acima de 20 cm pode gerar desconforto. Entretanto, uma mulher pode se sentir plenamente satisfeita com um homem de pênis pequeno. O tamanho médio do pênis do brasileiro, em estado flácido é de 12 cm e de 15 a 20 cm quando ereto. Fato é que uma relação sexual não se limita à penetração.
10 - É possível engravidar sem penetração?
Não é possível. A gravidez ocorre nas trompas, quando o óvulo encontra o espermatozoide e é fecundado. É necessário que haja o jato do esperma para facilitar a corrida dos espermatozoides até o óvulo. Considero improvável que uma relação sem penetração consiga tamanha proeza.
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