Entre os dias 18 e 25 de setembro é comemorada a Semana do Trânsito e o ortopedista explica como prevenir as principais lesões que são causadas e a maneira correta de socorrer as vítimas em caso de acidentes
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que só no ano de 2010, aconteceram 1,24 milhão de mortes por acidente de trânsito em 182 países do mundo. Se nada for feito, a OMS estima que deveremos ter 1,9 milhão de mortes no trânsito em 2020 e 2,4 milhões em 2030, o que equivale a morrer em um ano toda a população atual de grandes cidades como Brasília ou Belo Horizonte. Somente no Brasil, em 2013, houve um total de 42.266 vítimas fatais por acidente de trânsito, segundo o Ministério da Saúde. Entretanto a maioria dessas mortes são consideradas evitáveis, por medidas de conscientização da população, educação para o trânsito e políticas públicas de prevenção de acidentes.
O médico ortopedista Otávio Melo, acredita que muitas pessoas ainda não acreditam na eficácia do cinto de segurança. Ele explica que o objetivo do cinto é manter o passageiro na posição, no banco, impedindo que seja arremessado à frente ou para os lados, quando o carro para bruscamente no caso de uma colisão, ou mesmo no caso de um capotamento. “A sobrevivência para o motorista ou passageiro diminui significativamente à medida que a velocidade aumenta. Se o veículo para suavemente, o motorista ou passageiro também param suavemente, mas se o veículo para bruscamente, caso não estejam presos ao cinto de segurança, serão mantidos em movimento até encontrarem um obstáculo, que pode ser o painel, o para-brisa, a janela, ou até mesmo o lado de fora do veículo. A ejeção para fora do veículo é um dos critérios de gravidade no atendimento dos acidentados, e um dos principais motivos de óbito no local do acidente”.
Outra medida muito importante que ele ressalta é o uso dos assentos e cadeirinhas para as crianças. Segundo o especialista, o melhor lugar para a instalação da cadeirinha é no assento do meio do banco traseiro, para diminuir o risco de um impacto no caso de acidentes. “Sempre que possível, reserve esse lugar para a criança mais nova. Não adianta ter a cadeirinha e não prender a criança da maneira correta. O cinto da cadeirinha precisa ser colocado de forma que apenas um dedo caiba entre o cinto e o corpo da criança, ou seja, o cinto precisa ficar justo. Uma forma de saber se ele está bem colocado é quando não é possível "pinçar" o tecido do cinto usando os dedos polegar e indicador. O motivo disso é que, se o cinto estiver folgado, além de a criança poder se soltar, no caso de acidente haverá um forte impacto do corpo dela com o cinto, o que já é suficiente para provocar lesões graves”.
Já no caso dos motociclistas, o médico garante que o uso do capacete é de grande importância, já que as seqüelas neurológicas permanentes e as mortes de motociclistas na maioria dos acidentes graves, é motivada por lesões na cabeça. “Seu uso é capaz de evitar danos ao cérebro, face e vias aéreas, que são as lesões que matam mais rapidamente quando graves. O risco de morrer em um acidente grave de motocicleta é 20 vezes maior do que num automóvel. Esse número sobe para 60 vezes se a pessoa não estiver usando o capacete, item obrigatório pela legislação brasileira”.
De acordo com o ortopedista, as lesões leves geralmente não causam maiores transtornos, porém as mais graves podem acarretar diversos prejuízos à saúde da vítima. “As causas mais frequentes de invalidez permanente, somando 25,6%, são a perda anatômica ou funcional completa de um membro inferior (perna). Cerca de 40% das vítimas de acidentes de trânsito apresentam mais de uma lesão. A maioria dos pacientes são homens e com idade na faixa de 20 a 40 anos e muitos deles permanecem por semanas, meses ou até anos em programas de reabilitação e fisioterapia, com perdas salariais e até mesmo do emprego, gerando custos não-previstos para o sistema de previdência, o que comprova a importância econômica e social do problema”, disse Otávio.
Ainda segundo o especialista, as regiões do corpo mais atingidas em casos de acidentes de transporte são os membros inferiores e superiores, seguidas pela cabeça e pescoço. “Conhecidas como traumatismo crânio-encefálico (TCE), ocupam o primeiro lugar no que se refere à gravidade à mortalidade. Em segundo lugar em gravidade e terceiro lugar em incidência, estão as lesões do tórax, segmentos de alto risco para o paciente, uma vez que engloba órgãos como o coração e pulmão. As lesões mais frequentemente encontradas são as fraturas de costelas, contusão pulmonar, hemotórax (hemorragia interna) ou pneumotórax (que é o vazamento do ar levando ao fechamento dos pulmões)”.
Como socorrer uma vítima em caso de acidente de trânsito
A ação mais importante ao socorrer uma vítima em caso de um acidente de trânsito é manter a calma, garante o médico. “Agir de maneira intempestiva pode até mesmo piorar a situação. Veja inicialmente se você tem algum ferimento mais sério, depois avalie as pessoas ao seu redor. Se não estiver envolvido faça uma breve análise da situação, entenda o que está acontecendo antes de agir. Depois se preocupe em garantir a segurança de todos e peça socorro em seguida. Ligue imediatamente para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU, pelo número 192, presente na maioria das cidades; ou para algum órgão de segurança pública, como as Polícias Militar e Rodoviária, Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros, nas localidades não atendidas pelo SAMU 192. Em caso de acidente em rodovias com cobrança de pedágio, há serviços próprios de ambulância e resgate capazes de atender em menor tempo do que o SAMU de cidades distantes.
Além desses cuidados, algumas atitudes devem ser evitadas para não agravar o estado de saúde das vítimas.
· Não movimentar a vítima, salvo as situações de risco eminentes;
· Não retirar o capacete, pois a movimentação do pescoço pode piorar as lesões da medula. Existe uma técnica própria para retirá-lo sem que a cabeça balance;
· Não aplicar torniquete, pois leva a necrose e outras lesões mais graves; as hemorragias devem ser contidas com a compressão direta sobre o local do ferimento
· Não administrar qualquer tipo de líquido ou alimento por via oral. A vítima pode ter diversas lesões internas e necessitar cirurgia de urgência, além disso, há o risco de o conteúdo do estômago ser vomitado e o paciente engasgar durante o transporte.
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