terça-feira, 25 de abril de 2017

Dependência química e família



Especialista garante que a dependência pode afetar a vida de uma família inteira.


Segundo levantamento feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), atualmente, no país, há cerca de 28 milhões de pessoas com algum familiar dependente químico. E as famílias são as mais afetadas psicologicamente e em suas atividades diárias, como aponta o estudo. De acordo com a Unifesp 58% delas, com algum usuário de drogas, têm afetada a habilidade de trabalhar ou estudar, 29% das pessoas estão pessimistas quanto ao seu futuro imediato e 33% têm medo que seu parente beba ou se drogue até morrer, ou ainda alegam já ter sofrido ameaças do usuário. Realidade que é enfrentada por todas as classes sociais.

Para a psicóloga clínica Heliana Fonseca, especialista em dependência química e sócia da Gênesis – Centro de Tratamento da Dependência Química, os danos emocionais que os familiares enfrentam são os mais variados. “Sentimentos de tristeza, angústia, fracasso, culpa, raiva, instabilidade emocional, desestruturação familiar, quadros de depressão, transtornos de ansiedade e, até mesmo, doenças físicas e psicossomáticas são comuns em famílias de dependentes químicos”.

Ainda de acordo com a psicóloga, muitos familiares criam uma relação de dependência e codependência. “As famílias devem procurar ajuda especializada para saber como lidar com o problema. Pois, assim como em qualquer outra doença, quanto mais rápido se intervém, maiores as chances de sucesso na recuperação do dependente”, ressaltou.

Como não alimentar ainda mais a dependência química do paciente

Porém, muitas famílias não conseguem lidar, de maneira assertiva, com o dependente químico e, por isso, podem ao invés de ajudar, contribuir para o agravamento do quadro, “alimentando”, ainda mais, a dependência química. Para isso, a psicóloga garante que mudanças de atitudes e comportamentos terão que ser aprendidos ou modificados durante o processo de tratamento e convivência com o dependente químico. “É comum entre as famílias acreditar que é só uma fase e que vai passar ou que a família sozinha dará conta de lidar com a situação. São crenças que atrapalham e impedem uma intervenção precoce, que poderia interromper o processo, sem maiores danos e ou consequências”, completou Heliana.

Ainda segundo a especialista são necessárias várias intervenções para que a família não potencialize e perpetue a dependência química do seu familiar. “Não existe uma receita única para todos. O mais importante é a família, com a ajuda de profissionais especializados, identificar as suas falhas e corrigi-las para melhor conduzir o problema. Vale ressaltar, também, que a melhora de todos os envolvidos interfere significamente no tratamento do dependente. Sendo assim, talvez, o principal cuidado que a família deve ter é se cuidar para ter condições de se ajudar e ajudar melhor o seu familiar, modificando e organizando a dinâmica e o funcionamento familiar”.

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