segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Folhas são aliadas fundamentais na prevenção de doenças

A nutricionista Fernanda Dias destaca a importância do consumo de folhas verde-escuro, pois elas concentram maior quantidade de nutrientes.
 
Elas ainda são fontes de vitaminas A, C, E, K e B9
 
As folhas podem até não fornecer energia, mas ganham a batalha quando está em jogo a quantidade de fibras, tanto solúveis quanto insolúveis. Como formam uma espécie de gel no estômago, as solúveis conseguem retardar o processo de digestão, prolongando a sensação de saciedade. Diretora da clínica Nutrividade e integrante do Centro Mineiro de Estética e Saúde (Cemes), a nutricionista Fernanda Dias acrescenta que as fibras solúveis controlam os níveis de glicemia. Para os diabéticos, a vantagem de comer folhas é evitar picos glicêmicos, já que a glicose aumenta de maneira controlada.
Quem está com o colesterol alto também não deve dispensar um prato de salada. As fibras solúveis sequestram a bile, fluido produzido pelo fígado responsável por dissolver gorduras, e a levam direto para as fezes. Em compensação, o organismo utiliza o colesterol em excesso no sangue para formar mais sais biliares.

Por outro lado, as fibras insolúveis, que não são totalmente digeridas pelo estômago, trabalham a favor do intestino. A parte intacta, que é a celulose, auxilia na formação do bolo fecal, diminuindo a probabilidade de haver um acúmulo que pode ser maléfico para a saúde. “As fibras insolúveis agem como uma vassourinha. Elas varrem o excesso de sujidades acumuladas no intestino. Com isso, a microbiota (formada por bactérias e outros micro-organismos) vai ser sempre limpa pelo bolo fecal, o que ajuda muito no combate a doenças diretamente ligadas ao intestino, incluindo câncer”, informa Fernanda.

A recomendação para quem come carne é ingerir pelo menos 50 gramas de fibras por dia. “A carne demora no mínimo três dias para sair do intestino, que mede de sete a nove metros e é cheio de curvas. É muito importante que o onívoro coma mais folhas para ajudar o organismo a eliminar os resíduos da carne. As fibras formam um bolo e vão empurrando os restos do alimento”, explica a nutricionista funcional Silvana Portugal, coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira em Belo Horizonte. Em média, meio prato de sobremesa de folhas pesa 25 gramas.

Para aumentar a quantidade de fibras, a especialista em nutrição vegetariana sugere acrescentar na salada sementes trituradas de linhaça, chia e aveia. Mas ela lembra que é necessário consumir água para que as fibras sejam aproveitadas. Um adulto deve tomar no mínimo 35 e no máximo 70 mililitros para cada quilo de peso diariamente.

ANTIOXIDANTES
As folhas também se destacam pela variedade de vitaminas que oferecem ao nosso corpo. De modo geral, as verduras são ricas em vitamina A, nutriente com propriedades antioxidantes, que atua no combate aos radicais livres (moléculas que agilizam o processo de envelhecimento de tecidos, órgãos e sistemas, incluindo a pele). Ela também contribui para a melhora da visão, sendo indicada para o tratamento de cegueira noturna. Comer salada ainda pode afastar gripes e resfriados. Afinal, as verduras contêm vitamina C, responsável por aumentar a imunidade. Por ser fonte de vitamina E, as verduras aliviam dores musculares e combatem qualquer alteração no fígado. Já a vitamina K presente nas folhas ajuda na coagulação sanguínea e mantém o intestino saudável.

 
A vitamina B9, também chamada de ácido fólico, ganha destaque por agir no metabolismo dos carboidratos, fornecendo energia e vitalidade, e trabalhar na formação da hemoglobina. Para as gestantes, ela é essencial. “É interessante para a mulher grávida ingerir folhas, pois o nutriente ajuda na formação do tubo neural, que vai dar origem ao sistema nervoso do bebê. A mãe também se beneficia da vitamina, que combate a anemia”, destaca a nutricionista Fernanda Dias, que enumera os minerais presentes nas verduras: cálcio, que ajuda na formação da estrutura óssea; ferro, relacionado à formação da hemoglobina; magnésio, necessário para melhorar as contrações musculares, evitando a fadiga; e potássio, influente na regulação dos batimentos cardíacos.

Do sacolão chegava salsinha e cebolinha. Na salada, apenas batata, cenoura, milho, ervilha e ovo. “Nunca faltou legume cozido, mas tinha resistência à folhagem. Tinha preguiça, via perder muito fácil na geladeira, tudo era desculpa para não comprar”, admite a dona de casa e empresária Sheila Monteiro Gomes, de 38 anos. Há três meses ela revolucionou o cardápio em casa e já enxerga muitos benefícios. Sheila emagreceu cinco quilos, percebe as unhas mais fortes, cabelo mais brilhante, pele sem acne e autoestima lá em cima. Até o intestino, que precisava de laxante para funcionar, gostou da novidade. Os filhos Heitor Monteiro Silveira Gomes, de 7, e Isabella Monteiro Silveira Gomes, de 5, ainda não conseguem comer folhas, mas pelo menos encaram o desafio de experimentar. Enquanto isso, a mãe se esforça para tornar a comida mais atrativa, brincando com o que tem na geladeira.

A regra vale para todos: as folhas verde-escuro merecem um lugar especial no prato, pois elas concentram uma maior quantidade de nutrientes. “É uma feliz coincidência todos os folhosos verde-escuro serem ótimas fontes de ferro, mas é um ferro diferente do que se encontra na carne, que não precisa de nada para ser absorvido”, exemplifica a diretora da clínica Nutrividade. Fernanda esclarece que o nutriente presente nas verduras precisa de um facilitador para entrar no organismo. Por isso, as folhas devem ser combinadas com alimentos ricos em vitamina C, como as frutas cítricas. Tanto o suco de limão ou laranja pode temperar a salada quanto o prato pode ser acrescido de morango e kiwi.

 
Fonte: Entrevista da nutricionista Fernanda Dias para o caderno Bem Viver, do Jornal Estado de Minas.

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