Especialista
explica o que caracteriza a prática de estupro, os sintomas físicos e
emocionais que podem surgir em uma vítima, além de como tratar esse trauma.
Todo mundo concorda que o estupro é um
dos piores crimes que existem, mas ainda assim, 99% dos agressores sexuais
estão soltos. A pena para quem comete esse tipo de crime varia entre seis e
quinze anos de prisão. Porém, o senado brasileiro aprovou a condenação para até
20 anos quando o estupro é coletivo. Recentemente um caso no Rio de Janeiro
chocou o mundo e para a psicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia Fonseca, a culpa disso
é de uma tradição milenar, que tem o hábito de abafar a violência sexual a
qualquer custo.
Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro
de Segurança Pública, todos os anos cerca de 50 mil pessoas são estupradas no
Brasil. Esses são os números oficiais, obtidos a partir da papelada formal. Mas
eles não correspondem à realidade. O estupro é um dos crimes mais
subnotificados que existem e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima
que os dados oficiais representem apenas 10% dos casos ocorridos. Ou seja, o
verdadeiro número de pessoas estupradas todos os anos no Brasil é mais de meio
milhão. Nos EUA, onde existem dados longitudinais, de acordo com o Center for
Disease Controland Prevention, uma em cinco mulheres vai ser estuprada ao longo
da vida.
De acordo com a especialista, o
estupro é a prática não consensual do sexo e outras atitudes de violência que
envolve o ato e ressalta que ainda que vitime ambos os sexos, as mulheres são
as vítimas historicamente mais atingidas. “A legislação brasileira é rigorosa.
Enquadra-se na definição de estupro qualquer “ato libidinoso”, seja ele
penetração, apalpação ou beijo forçado. O estupro é um ato perverso, praticado
não necessariamente por perversos. Não tem nada a ver com o desejo pela mulher.
É um ato de narcisismo: os agressores, inseguros com o que lhes é diferente,
tentam resolver isso através do domínio perverso”, afirmou Sônia.
Consequências
físicas e emocionais
Segundo o Ministério da Saúde, 70% das
pessoas estupradas são crianças e adolescentes de até 17 anos, o que representa
cerca de 350 mil pessoas ao ano, sendo que a maior parte delas foi violentada
dentro de casa por pessoas de confiança, como padrastos ou amigos da família.
De acordo com a psicóloga, uma série de sintomas emocionais e físicos surgem em
uma vítima de estupro. “Sintomas de ansiedade, estresse, sentimento de
impotência, culpa, raiva, incapacidade de se concentrar, vergonha, abuso de
substâncias ou tendências suicidas. Além de medo e crescente suspeita sobre as
pessoas, seus comportamentos e intenções, entre outros”.
Ela acrescenta que também podem surgir
problemas de relacionamento, como resultado da vítima se tornar menos
responsiva emocionalmente, se afastar dos entes queridos ou duvidar das ações e
intenções dos amigos e familiares. Entre outros, como:
·
Insônia e pesadelos.
·
Negação: pode haver uma falta de vontade de
reconhecer o fato de que você foi estuprada, expressa pela incapacidade de se
lembrar do ocorrido.
· Flashbacks: pode acabar repassando as
lembranças do estupro, ao ponto de ter dificuldades para distinguir o passado
do presente.
· Necessidade de estar em constante alerta, a
fim de garantir sua segurança.
·
Distúrbios alimentares, como bulimia,
anorexia ou compulsão.
·
Disfunção sexual.
·
Sintomas fisiológicos: estes podem incluir
diarreia, constipação e etc.
Sônia explica que cada pessoa absorve
o trauma de uma forma diferente, de acordo com a experiência de vida, valores e
crenças. Por isso, o primeiro passo do tratamento terapêutico é conscientizar o
paciente de que ele não tem culpa do ocorrido, utilizando técnicas para
aumentar a sua autoestima. Em alguns casos, dependendo da gravidade do trauma,
e preciso que um médico receite medicamentos que variam de pessoa para pessoa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário