segunda-feira, 13 de junho de 2016

Conheça as conseqüências físicas e emocionais do estupro

Especialista explica o que caracteriza a prática de estupro, os sintomas físicos e emocionais que podem surgir em uma vítima, além de como tratar esse trauma.


Todo mundo concorda que o estupro é um dos piores crimes que existem, mas ainda assim, 99% dos agressores sexuais estão soltos. A pena para quem comete esse tipo de crime varia entre seis e quinze anos de prisão. Porém, o senado brasileiro aprovou a condenação para até 20 anos quando o estupro é coletivo. Recentemente um caso no Rio de Janeiro chocou o mundo e para a psicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia Fonseca, a culpa disso é de uma tradição milenar, que tem o hábito de abafar a violência sexual a qualquer custo.

Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, todos os anos cerca de 50 mil pessoas são estupradas no Brasil. Esses são os números oficiais, obtidos a partir da papelada formal. Mas eles não correspondem à realidade. O estupro é um dos crimes mais subnotificados que existem e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima que os dados oficiais representem apenas 10% dos casos ocorridos. Ou seja, o verdadeiro número de pessoas estupradas todos os anos no Brasil é mais de meio milhão. Nos EUA, onde existem dados longitudinais, de acordo com o Center for Disease Controland Prevention, uma em cinco mulheres vai ser estuprada ao longo da vida.

De acordo com a especialista, o estupro é a prática não consensual do sexo e outras atitudes de violência que envolve o ato e ressalta que ainda que vitime ambos os sexos, as mulheres são as vítimas historicamente mais atingidas. “A legislação brasileira é rigorosa. Enquadra-se na definição de estupro qualquer “ato libidinoso”, seja ele penetração, apalpação ou beijo forçado. O estupro é um ato perverso, praticado não necessariamente por perversos. Não tem nada a ver com o desejo pela mulher. É um ato de narcisismo: os agressores, inseguros com o que lhes é diferente, tentam resolver isso através do domínio perverso”, afirmou Sônia.   

Consequências físicas e emocionais

Segundo o Ministério da Saúde, 70% das pessoas estupradas são crianças e adolescentes de até 17 anos, o que representa cerca de 350 mil pessoas ao ano, sendo que a maior parte delas foi violentada dentro de casa por pessoas de confiança, como padrastos ou amigos da família. De acordo com a psicóloga, uma série de sintomas emocionais e físicos surgem em uma vítima de estupro. “Sintomas de ansiedade, estresse, sentimento de impotência, culpa, raiva, incapacidade de se concentrar, vergonha, abuso de substâncias ou tendências suicidas. Além de medo e crescente suspeita sobre as pessoas, seus comportamentos e intenções, entre outros”.

Ela acrescenta que também podem surgir problemas de relacionamento, como resultado da vítima se tornar menos responsiva emocionalmente, se afastar dos entes queridos ou duvidar das ações e intenções dos amigos e familiares. Entre outros, como:

·         Insônia e pesadelos.
·         Negação: pode haver uma falta de vontade de reconhecer o fato de que você foi estuprada, expressa pela incapacidade de se lembrar do ocorrido.
·       Flashbacks: pode acabar repassando as lembranças do estupro, ao ponto de ter dificuldades para distinguir o passado do presente.
·    Necessidade de estar em constante alerta, a fim de garantir sua segurança.
·         Distúrbios alimentares, como bulimia, anorexia ou compulsão.
·         Disfunção sexual.
·         Sintomas fisiológicos: estes podem incluir diarreia, constipação e etc.

Sônia explica que cada pessoa absorve o trauma de uma forma diferente, de acordo com a experiência de vida, valores e crenças. Por isso, o primeiro passo do tratamento terapêutico é conscientizar o paciente de que ele não tem culpa do ocorrido, utilizando técnicas para aumentar a sua autoestima. Em alguns casos, dependendo da gravidade do trauma, e preciso que um médico receite medicamentos que variam de pessoa para pessoa.

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